Fênix
- Julia Maria Pellicciotti
- 31 de dez. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de jan. de 2024
Uso consciente e sustentável dos materiais

Fênix são únicos e foram feitos a partir dos “erros” que acontecem durante o fazer manual.
Existem dias em que algo inesperado acontece durante a produção de um livro: um pequeno rasgo de uma página enquanto o livro está sendo costurado, um corte um pouco torto (argh!) quando o livro está sendo finalizado e momentos em que a cola discretamente extravasa na parte superior da lombada do livro e mancha o papel.
Cada um desses momentos me ensina algo sobre a feitura dos livros. Algumas vezes, pesquiso estratégias e soluções para solucionar um problema, outras procuro ferramentas que me ajudam com o processo. Viva a tecnologia!
Rasgar um pouco o papel durante a costura é algo que acontece muito quando estamos aprendendo a costurar um livro. Hoje em dia, quando começa a acontecer com mais frequência é geralmente porque preciso prestar mais atenção e perceber o trajeto e a tensão da linha. Fazer livros e costurar significa estar presente e prestar atenção durante todo o processo.
No caso de melhorar o corte do caderno, por exemplo, pesquiso formas de cortar o papel e procuro entender o que pode ser melhorado - É a lâmina do estilete? Como estava a postura do meu corpo? É a espessura do livro? Estes tipos de reflexões auxiliam no aprimoramento dos projetos futuros. No caso do Fenix, posso mudar o formato e dimensão do livro. Fazendo um caderno especial e bem cortado. :)
Depois de algum tempo, percebi que para colar a lombada era necessário usar um pincel mais fino. Neste caso, portanto, fiz uso da tecnologia, escolhi ferramentas que facilitam meu dia a dia.
Mesmo assim, existem momentos em que estes "erros" acontecem durante a feitura dos caderninhos. E como não quero desperdiçar o meu trabalho e tampouco jogar fora materiais tão preciosos comecei a inventar formas de reinventar um projeto. Uma forma de ver potencial criativo diante das imprevisibilidades que acontecem no fazer manual. Então, comecei a aprender a olhar para o caderno, para o erro, e durante o processo, me perguntar: "como posso transformar esse "erro"? No que pode se tornar?"
Sinto imensa felicidade quando consigo reaproveitar o material de uma forma criativa! Amo esses caderninhos e a sua possibilidade de reinvenção. Eles ficam lindos e bem finalizados. Puro amor. O fato de serem únicos também ajuda no processo de feitura, posso usar papéis que tenho em pouca quantidade e criar formatos e dimensões variadas. Cada caderno é um. <3

Um dia, por exemplo, a cola tinha transbordado um pouco para a lombada de dois cadernos. Ficou uma leve mancha na capa do livro. Então, pensei: Como posso transformar esse problema?
Escolhi usar os papéis adquiridos na exposição sobre LOTUS LOBO no SESC POMPEIA para fazer a capa. Veja o link para ler mais sobre essa exposição: https://www.sescsp.org.br/a-pluralidade-criativa-de-lotus-lobo/

Decidi que este seria um caderno de capa dura com uma largura e tamanho levemente menores do que o tamanho inicial. Gostei muito de fazer esses cadernos e de ver o resultado final.